terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Belém e o eterno caos no trânsito



Congestionamentos e cada vez mais veículos nas ruas causam transtornos diários para a população. Em uma década, frota triplicará, aponta pesquisa.

Renan Mendes

O que mais estressa os moradores da cidade de Belém na correria do dia-a-dia? Para muitos, a resposta seria o trânsito. Deslocar-se de um lugar para outro, principalmente em horários de grande fluxo de pessoas e veículos, é uma tarefa que requer paciência de muitos motoristas e passageiros. Não importa se em Belém ou em outras grandes cidades do país, o trânsito é um problema na vida de muitas pessoas. 
A estudante Stephanie Luize, 18, afirma que sua rotina sempre foi condicionada aos horários dos transportes públicos e ao trânsito da capital. “Meu ônibus sempre demora a passar e, depois de certo horário, o trânsito fica lento demais. Então acordo mais cedo para conseguir pegar um ônibus que não enfrente os engarrafamentos e a lentidão do trânsito em algumas ruas de Belém. Só assim para não chegar atrasada para a aula”, relata a estudante, que depende do transporte público para chegar à escola.

Motivo

Qual seria o motivo de um trânsito lento e caótico em alguns principais pontos da cidade? Para Paulo Ribeiro, arquiteto urbanista e professor da UFPA, o aumento da frota de veículos particulares é a principal razão do intenso tráfego na capital do Estado. “O número de veículos vem aumentando em virtude do crescimento real da renda, da precariedade do sistema de transporte público e das facilidades de créditos para a aquisição de veículos privados”, explica Paulo.
Além desse aumento, um estudo realizado pelo Departamento Estadual de Trânsito do Pará (DETRAN) não traz boas notícias para quem enfrenta o trânsito diariamente. Segundo a pesquisa, iniciada em 2007, o Pará deverá ter três vezes mais automóveis em 2021 do que tem hoje. Serão cerca de quatro milhões de carros circulando pelas ruas de todo o Estado.

Solução

Belém já conta com alguns projetos urbanísticos para o melhoramento do tráfego. O Ação Metrópole, por exemplo, é um projeto do governo para a realização de um conjunto de obras de infra-estrutura viária na Região Metropolitana de Belém. A primeira etapa do projeto contou com obras na Avenida Júlio Cezar, Pedro Álvares Cabral e Arthur Bernades. A previsão de conclusão do projeto é para 2015.
Mesmo com o projeto em andamento, Paulo não acredita que Belém estará preparada para suportar o grande aumento do número de carros. “Chegará a um ponto que não haverá vias que suportem esse número de veículos”, afirma o arquiteto, que assegura haver soluções mais eficientes para a resolução do problema.
Segundo ele, um investimento no sistema de transporte coletivo diminuiria os problemas de trânsito da capital. O arquiteto esclarece que “é preciso investir em transporte público, criando um sistema eficiente que permita as pessoas se deslocarem de forma mais eficaz e segura. Só um investimento efetivo nesse sistema vai poder fazer com que, ocupando um espaço menor, desloque-se um número maior de pessoas.”



Onda de assaltos no Bairro do Una e Mário Covas assusta moradores


                                                                                                                               Marlon Leal    
                                     
O número de assaltantes vagando pela rodovia Mário Covas e pela entrada do bairro do Una é visivelmente grande, principalmente para quem precisa trafegar diariamente pelo local à noite, ao voltar do trabalho. A região, localizada próximo ao bairro do Coqueiro, na entrada da cidade de Belém, sofre com a alta incidência de roubos que tem dificultado a vida de moradores e passantes.

Frequência

No último dia 16, três meliantes assaltaram pessoas que esperavam no ponto de ônibus na Rodovia Transcoqueiro, próximo à passagem Norberto Cabral às seis horas da noite. Segundo moradores, um deles seria menor de idade, e os outros dois seriam assaltantes foragidos já conhecidos por roubos na região. Uma das vítimas, Dona Maria do Rosário, 56 anos, moradora do bairro, diz já ter sido assaltada uma vez “no mesmo lugar e no mesmo horário!”. Os assaltantes levaram celulares e dinheiro, e fugiram a pé.
Segundo um dos presentes, a cena já teria ocorrido várias vezes desde o começo do ano, em outros pontos do bairro, e a incidência teria aumentado em comparação ao último ano. A falta de policiamento e problemas na iluminação pública são fatores importantes para a frequência com que esses crimes ocorrem, e ambos são bem presentes no bairro e arredores.
Outro tipo de assalto que tem se tornado mais comum são os assaltos a ônibus. De janeiro para dezembro, segundo moradores, já teriam ocorrido mais de cinco assaltos do tipo. Geralmente em grupos de três, os bandidos armados agem rapidamente, roubando o dinheiro das passagens, e saltam perto de vielas mal iluminadas, para dificultar perseguições. Os alvos principais seriam ônibus com lotação menor, o que facilitaria a ação dos bandidos.
Sobre isso, uma das moradoras até brinca: “só não tem mais assaltos mesmo por que há poucos ônibus pra muita gente, então eles (os ônibus) estão quase sempre lotados”. A brincadeira revela outro problema também presente: transporte público precário de má qualidade. Após o assalto já mencionado, uma das vítimas comentou: “talvez se houvessem mais ônibus, a gente não ficaria mais de meia hora aqui esperando.” Além disso, a presença de ônibus sem câmeras instaladas facilita a impunidade já tão presente.

Abandono

A falta de sérias políticas públicas para o combate à violência é o fator fundamental para o aumento desse tipo de crime. Há falta de policiamento até mesmo em rodovias maiores como a Rodovia Mário Covas, onde assaltos há noite também estão se tornando mais comuns. Além disso, os postes de iluminação pública que muitas vezes são danificados pelos próprios bandidos também demoram a receber assistência de técnicos contratados da prefeitura.
Um dos postes, localizado próximo à passagem Bom Jesus, está sem funcionamento há mais de seis meses. Segundo um dos moradores, o estudante Alexandre Vaz, próximo ao local é fácil encontrar, tarde da noite, jovens usando drogas. “Eles ficam por aí usando drogas e se viciam fácil, então eles roubam pra conseguir dinheiro rápido pra usar de novo”.

Expansão da violência

E esses bandidos não agem apenas no Bairro do Uma, mas também em seus arredores como a Rodovia Mário Covas, como já foi citado anteriormente. À noite, embora a rodovia tenha um tráfego considerável de carros e caminhões, a quantidade de pedestres é pequena, facilitando o trabalho dos meliantes que assaltam uns e outros transeuntes. A segurança é garantida para quem mora em condomínios e possuem carros para sair ou chegar em casa. Mas para os moradores das precárias passagens, isso é uma dificuldade.
Com menos movimentação noturna nas pequenas ruas, os moradores das passagens também enfrentam problemas semelhantes com bandidos. Muitas vezes, é preciso andar vários quarteirões das paradas de ônibus até as casa, tendo que andar às pressas por uma rodovia deserta. É nesse momento que a maioria dos assaltos acontece. “A gente preocupada com a segurança dos nosso filhos, pois muitas vezes eles tem que voltar tarde da Universidade”, diz Márcia Cristina, Moradora da passagem Cosme e Damião.  
Problemas semelhantes também podem ser encontrados em vários outros bairros na cidade, e a solução para esses problemas parece distante, uma vez que a prefeitura e o governo são pouco presentes em bairros humildes como o Uma. Mas as soluções devem sempre ser cobradas. “Os políticos não olham pra cá, mas as pessoas votam mesmo assim, né? Isso não pode continuar assim” reclama Maria do Rosário.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Rumo ao tri, guamaenses levarão teatro e dança para a avenida em 2012


Bole Bole, escola campeã do Grupo Especial em 2010 e 2011, defenderá o título homenageando Escola de Teatro e Dança da UFPA.


O bairro do Guamá, o mais populoso de Belém, é reconhecido pelos altos índices de criminalidade e por demais mazelas sociais. Mas, além disso, seus moradores respiram música, em especial o samba. Quando fevereiro se aproxima, o povo se aquece para os desfiles de blocos carnavalescos e do grande orgulho do bairro: a Associação Carnavalesca Bole Bole.

Atual bicampeã do Grupo Especial de Belém, a escola de samba levará à Aldeia Amazônica, local dos desfiles, a beleza e os talentos da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), em homenagem aos seus 50 anos.

Até a realização do desfile, no dia 18 de fevereiro, a diretoria da escola terá muito trabalho para levar as alegorias e os brincantes para a avenida. Herivelto Martins, presidente de honra da agremiação, conta como eles se preparam: “Primeiramente, nossa carnavalesca, Cláudia Palheta, prepara os desenhos, que viram protótipos. Daí eu mesmo desenho e monto a estrutura metálica dos carros. Pela experiência, no início de fevereiro, já está tudo pronto”.

ORGANIZAÇÃO

Diferente dos carnavais do Rio de Janeiro e de São Paulo, a estrutura dos desfiles da capital paraense, na opinião de Herivelto, é bastante limitada. A Fundação Cultural do Município de Belém (FUMBEL), responsável pela organização do carnaval, não olha como deveria para o samba da cidade. “A FUMBEL não tem nenhum ponto forte, por falta de políticas públicas. Só trabalha com cultura quem entende de cultura”, afirma.

Outras parcerias viabilizam o desfile da escola, com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) e com a própria UFPA, que forneceram o material para a confecção de fantasias e alegorias. “Haverá, inclusive, ensaios no próprio campus da UFPA, nos domingos de manhã, para homenagear a universidade, e levaremos os integrantes pelas ruas do bairro, até a nossa quadra na Pedreirinha, cantando nosso samba-enredo e chamando o povo guamaense”, diz, empolgado, o presidente de honra do Bole Bole.

APOIO

Segundo Herivelto, a escola de samba tem orçados, para 2012, gastos de, aproximadamente, R$ 150 mil reais no desfile, e recebe cerca de R$ 46 mil da Prefeitura de Belém, R$ 25 mil do Governo do Estado, além de outros apoios que ajudam a economizar os custos: “O IFPA nos cedeu o barracão, para a confecção das alegorias e das fantasias, o que nos faz economizar R$ 20 mil”.

Ainda segundo ele, o IFPA ajuda em cursos de formação de ritmistas, o que é bom tanto para o Instituto, quanto para a comunidade do Guamá. Este apoio é fundamental para que o Bole Bole volte a brilhar na avenida e, ao mesmo tempo, criar novos admiradores do samba e da própria escola. A idéia, para Herivelto, é manter viva a tradição do carnaval na vida dos guamaenses.

SAMBA DO POVO

Fundado em 1984, como bloco de empolgação, o Bole Bole se orgulha de suas origens, e Herivelto atribui a isso o apelo popular que a escola tem, não apenas no Guamá: “Nosso diferencial é o nosso passado de bloco, que vem das ruas, uma empolgação que as outras escolas não têm”.

Com os títulos de 2010, com enredo sobre os Palhaços Trovadores, e 2011, falando do Teatro de Bonecos, a agremiação guamaense ganhou notoriedade em outros bairros de Belém. O presidente de honra afirma que a escola sempre foi marcada por levantar o público nas arquibancadas da Aldeia Amazônica no carnaval: “em 2010, fomos a última escola a entrar na avenida, e o povo ficou até o final, esperando a gente”.

Herivelto chegou a pensar em fechar a escola, no início dos anos 2000, por conta dos prejuízos e da ausência de títulos. “Quando eu disse isso, um rapaz me disse pra não fazer, pois eu não sabia o quanto o Bole Bole era querido no nosso bairro”, afirma ele. A expectativa é de que, em 2012, venha o tricampeonato, na base do trabalho e pelos aplausos de cada guamaense. “O Bole Bole segura o público na avenida, e nós contamos com eles no ano que vem”, finaliza Herivelto.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011


O natal une corações por uma causa maior: a sensibilidade
Adultos e crianças confraternizam-se e compartilham o mesmo espírito de harmonia e solidariedade em Belém
Brenda Maciel

Trabalhar com entretenimento está cada vez mais lucrativo no Brasil. O natal é um dos temas mais bem explorados por investidores, organizadores, empresários e autônomos no geral. O público para essa época é maciçamente infantil e exige cada vez mais. Em Belém acontecem, a partir dessa semana, programações variadas e nos lugares mais movimentados do centro. Desde eventos com o título ‘ Quero causar na sacola do Papai Noel’, de acesso restrito a maiores de idade, até apresentações tradicionais para crianças como a visita do bom velhinho nos shoppings da cidade.

E nos bastidores de toda essa festa, há pessoas que esperam o ano todo e no período do fim de ano acreditam na oportunidade para tirar a renda extra do mês. Outras depositam no natal a certeza da procura por seus serviços como os atores, cantores e animadores. O trabalho desses artistas é fundamental para a dinâmica das programações e eles afirmam que as exigências dos organizadores não os incomodam, ao contrário, só enfatizam a importância e a valoração dos seus trabalhos.

A produção dessas festas tem um respaldo em pesquisas e compromisso em se atualizar mesmo sendo uma festividade tradicional. ‘Todo ano, nós procuramos programar novas atrações das quais as crianças estão querendo participar atualmente assim podemos alcançar o aumento das visitações e por consequência o sucesso do evento com a ajuda de toda a equipe técnica, artística e produtora’ afirma o diretor de arte do projeto Vila Encantada, Marcelo Miranda. O projeto Vila Encantada, em oito anos, sempre foi baseado no compromisso social fechando parcerias com instituições de crianças carentes.

A prefeitura de Belém oferece gratuitamente, em espaços públicos como a Praça da República e o Horto Municipal, atividades lúdicas e culturais que exaltam a importância da preservação do meio ambiente. ‘Aproveitamos que esta época as pessoas se solidarizam mais com as causas sociais e alertamos que é nosso direito ter uma cidade mais limpa e organizada’. Diz a secretária municipal de meio ambiente, Camila Miranda, sobre a revitalização feita na Praça da República. A doação de brinquedos para crianças hospitalizadas está sendo feita no Horto Municipal.

Duendes de Noel

Os artistas que se caracterizam de papai Noel, fadas, duendes e até personagens de desenho animado garantem que adoram a diversão aliada ao trabalho. ‘É muito bom ver a criançada interagindo como se fossemos vindos diretamente do mundo encantado’ conta Marcia Gonçalves, ajudante de papai Noel. Esses trabalhadores vivem anonimamente, não são reconhecidos no dia a dia e por esse fator tais profissionais despertam a magia e os sonhos dos pequeninos.

Papai Noel há 20 anos, seu Lúcio Brito conta que já se emocionou várias vezes com a verdade com a qual as crianças o enxergam. ‘Principalmente os pequeninos. Ouço tanta coisa. Geralmente os pedidos se repetem e muitas vezes chegam a chorar perto de mim’. É comum notarmos velhinhos gordinhos e de barba branca andando pela calorenta cidade de Belém. Muitas vezes com o olhar calmo e de jeito gracioso. São figuras indispensáveis a todo natal.

Ele existe

Existem pessoas que fazem questão de estragar a infância dos baixinhos contando-lhes mirabolantes histórias da arte de enganá-los com presentes do papai Noel. A espiritualidade infantil dá vida ao mundo fantástico do natal e não se trata de crer em mentiras, mas sonhar enquanto é possível e aceitável. ‘ Ele( papai Noel) vem em casa e deixa meu presente no pé da árvore todo ano’ relata Maria Inês Maciel, quatro anos.

‘ O papai Noel vem aqui e vai me dar um carrinho’ conta com alegria Lucas Furtado de dois anos. Os filmes que eles assistem ajudam a manter a imaginação em dia e constrói a esperança da visita do bom velhinho. D. Ângela Furtado, mãe de Lucas confirma: ‘Esses jovens são tão ingênuos quanto à realidade que não dá coragem de desmentir na frente deles, sem razão, a lenda mágica do Natal’.

Festividade no novo templo


Por Carlos Fernando Pinheiro

A festividade de Nossa Senhora da Conceição deste ano teve como tema “Maria, e o projeto de Belém em missão”. A missa de abertura da festa foi celebrada pelo Vigário Paroquial, Padre Jaime Sidônio. Mesmo com a reforma da igreja, que está localizada no bairro da Cidade Velha, os festejos ocorreram de maneira tranquila, pois as missas foram celebradas na estrutura da nova igreja.
Segundo o Padre Jaime, o fato das celebrações terem sido realizadas na igreja nova, fez com que os paroquianos se sentissem mais felizes e daria a eles uma maior motivação para continuar trabalhando para arrumar o templo. Adriano Ribeiro, membro da diretoria e secretário da igreja, disse que a reforma já se encontra em estágio final e que só faltam as portas e painéis, considerada “obra morta”.
 Reforma que de acordo com o Pároco, Cônego David Larêdo, não é somente uma reforma, mas sim uma reconstrução, pois está sendo feita uma igreja nova e não apenas alguns reparos na antiga.
A festividade aconteceu de 1º a 8 de dezembro e, de acordo com a diretoria da festa, teve a participação de cerca de 8 mil pessoas. Somente no dia 8, aproximadamente 5 mil pessoas participaram da procissão e das celebrações, sendo que uma delas foi presidida pelo Arcebispo Dom Alberto Taveira.
Passada a solenidade, a expectativa do pároco é que na próxima festa da Conceição a igreja já esteja inaugurada. Após esses oito dias de festividade, o povo conseguiu se sentir melhor e mais estimulado por ter realizado as missas na igreja nova, um sinal de que rapidamente a reforma acabará e a comunidade terá um novo templo para suas celebrações.

Cursos nas férias são um bom negócio


                                                                                                                                  Por: Amanda Campelo
    O que você vai fazer nas férias? Há algum tempo, quando o mês de janeiro se aproximava era comum pensar somente em descanso. Porém, atualmente com o mercado de trabalho exigindo cada vez mais qualificação dos que pretendem ingressar nele, o período de férias deixou de ser dedicado exclusivamente ao ócio. Agora, ao invés de pensar nas praias e nas horas prolongadas que se tem para dormir, dedicar o tempo livre a atividades produtivas, como cursos de qualificação é uma alternativa.
   Buscando conhecimento além da sala de aula, o estudante do segundo período de Publicidade e Propaganda, Marcio Dias, procurou os cursos de marketing político e gestão de redes sociais para fazer durante as férias. O estudante diz que apesar do pouco tempo que terá para descansar, sabe que será recompensado. Segundo ele, não há nada melhor do que investir no próprio conhecimento para posteriormente conseguir um bom emprego. Ele ainda ressalta “Se a gente não se capacitar, vamos ficar de fora da ciranda”.
   Para atender a demanda de pessoas como Marcio, a Escola de Propaganda e Marketing oferece, pela primeira vez em três anos de sua existência, cursos nas férias. Os cursos que duram entre três a cinco dias são muito mais objetivos do que os regulares. O número de vagas limitadas, possibilitando maior atenção dos professores aos alunos, também contribui para que os participantes obtenham o máximo de conhecimento possível.
   Os cursos nas férias são mais práticos do que teóricos, e visam atender ao público que quer se especializar em determinada área ou até mesmo, se reciclar. Cursos relacionados a mídias digitais são muito procurados, devido esse meio de atuação ser bastante novo e estar ganhando cada vez mais espaço no mercado.
   Com cursos que abrangem desde fotografia a marketing político e trazendo palestrantes de fora do Estado, a Escola de Propaganda e Marketing está tendo um bom retorno. “A iniciativa de implementar cursos nas férias tem tudo pra dar certo e se repetir nos próximos anos” afirma Caio César Moreira, responsável pela gestão de redes sociais da empresa.
   Já no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) não há cursos específicos para o período de férias. As opções são as mesmas oferecidas regularmente. No entanto, há uma modificação no horário, os cursos que geralmente ocorrem no período da noite, são transferidos para a tarde.
   No Senac os cursos são classificados em cinco eixos: de Gestão e Negócios; Ambiente, Saúde e Segurança; Hospitalidade e Lazer; de Produção Cultural e Design; e de Informação e Comunicação. Geralmente os mais interessados nesses cursos são adultos que buscam um aperfeiçoamento na área em que já atuam, ou jovens que almejam capacitação em cursos profissionalizantes.
   Visando aumentar seus negócios a doceira Rosidete Sena procurou o curso de Massas Folhadas do Senac. Ela já trabalha com bolos e doces, mas decidiu fazer o curso para começar a trabalhar com massas. “O curso é muito objetivo, poderei aprender o que quero em menos de uma semana, e o melhor, num tempo em que ficaria em casa sem fazer nada” diz Rosidete.
   Telma Marinho, assistente técnica pedagoga do Senac , diz que durante o ano todo os cursos do Senac são bastante procurados, todavia no período de férias há um ligeiro aumento de demanda, e acima de tudo de dedicação daqueles que fazem os cursos. Ela também ressalta que os cursos mais procurados no período de férias são os do eixo de Ambiente, Saúde e Segurança.
   Os cursos oferecidos nas férias ocorrem geralmente a partir da primeira quinzena de janeiro, mas é importante ficar atento ao período de inscrição. Há locais em que a matrícula pode ser feita até quando durarem as vagas, como por exemplo, na Escola de Propaganda e Marketing, e há outros com prazo de inscrição. Em relação ao valor, eles são bem variáveis dependendo do curso e da duração. Para saber mais sobre os cursos acesse o site da Escola de Propaganda www.escoladepropaganda.com.br ou o do Senac www.pa.senac.br/

Reforma no Mercado Municipal do Guamá


Mercado do Guamá: Os lados de uma reforma.
Por Lorena Saraiva

Carnes, verduras e frutas dividem espaço com pessoas, cachorros e lixos. Este é o cenário do entorno do Mercado Municipal do Guamá, localizado na Avenida José Bonifácio esquina com a Rua Barão de Igarapé Miri, enquanto sua obra não é finalizada.
Desde que o mercado entrou em reforma em 18 de janeiro de 2011, segundo o gerente Wilson Filho, os feirantes foram remanejados para barracas de madeira, construídas pela prefeitura, ao longo da Rua Barão de Igarapé Miri, principal via do bairro, e da Av. José Bonifácio.
Na frente do mercado foram construídas duas fileiras de barracas, formando um corredor estreito e abafado, no qual é impossível passar sem esbarrar em alguém, e tendo que dividir o espaço com a sujeira e os cachorros e gatos que buscam restos de alimentos.
O trecho da Rua Barão de Igarapé Miri, entre Av.José Bonifácio e Passagem Helena, se tornou intrafegável após o remanejamento, porque há barracas em toda a sua extensão. O administrador afirmou que não houve nenhum tipo de transtorno, pois foi solicitada a autorização da CTBEL para desviar o trânsito, porque realmente não tinha outro local para colocar os feirantes.
Segundo Nilson Castilho, que trabalha há 10 anos no mercado, a reforma era necessária, pois as condições de limpeza e higiene eram péssimas. A Prefeitura fazia a coleta de lixo diariamente, entretanto ficava um mau cheiro que espantava os clientes. Mas ele reclama de sua situação atual, pois desde que saiu do mercado suas vendas diminuíram bastante, e quando chove molha sua mercadoria, por isso ele teve que improvisar uma cobertura para sua barraca.
Todos os feirantes entrevistados afirmam que a previsão para o término da obra é janeiro de 2012. Porém o administrador do mercado afirma que inicialmente a data seria esta, mas devido a um acordo com a Prefeitura não há prazo para a entrega.
Ainda segundo Wilson Filho, o prazo seria de seis meses, porque a Prefeitura iria reformar apenas o mercado, e os feirantes teriam que pagar seus próprios equipamentos. Então em acordo com o prefeito de Belém foram incluídas no projeto as barracas de todos os feirantes, por isso a entrega foi alterada para uma data ainda indeterminada.
O projeto de revitalização do Mercado Municipal do Guamá irá beneficiar mais de 400 feirantes. O novo mercado será todo em alvenaria, as barracas para mercearia terão portas de rolar e os talhos de carne e peixe estão cumprindo as exigências da Vigilância Sanitária.
As pedras de mármore que colocam os peixes serão substituídas por bandejas de alumínio com gelo para mantê-los em conservação e será aberto crédito para os açougueiros comprarem suas balanças de acordo com as normas. Haverá banheiros masculinos e femininos, um local específico para os feirantes depositarem seus lixos e a área externa será toda cercada por bicicletários para os comerciantes e seus consumidores.
“As pessoas não gostam de andar no aperto, no meio das bicicletas e ainda ter que aturar essa poluição sonora’, diz Maria Léa, justificando a queda nas vendas. A feirante espera que a reforma termine antes de começar as verdadeiras chuvas, porque toda vez que chove, o bueiro da rua entope e alaga toda área afastando ainda mais os clientes.
Para Mariza Saraiva, moradora do bairro há 25 anos e frequentadora da feira, o mercado estava precisando de boa reforma, pois era inviável fazer compras em meio ao lixo acumulado pelo chão, as goteiras e as condições precárias das barracas. Entretanto ela afirma que a situação atual é perigosa, pois os pedestres têm que ficar no meio da rua para escolher suas mercadorias, correndo risco de serem atropelados.
A feira do Guamá não se restringe apenas ao Mercado Municipal, ela se estende por toda a via principal, na qual se encontram desde barracas de frutas e verduras até barracas de roupas e acessórios. Cada espaço das calçadas é disputado milimetricamente pelos vendedores, e os prejudicados são os pedestres, que tem que transitar pela pista.

Arquidiocese de Belém reúne igrejas em campanha de natal


Projeto Belém, a Casa do Pão pretende tornar mais eficaz a arrecadação e distribuição de cestas básicas nessa época do ano

Por Mariana Castro


Campanhas de doação são parte recorrente do período natalino, diversas são as instituições que se mobilizam em cada parte da cidade recolhendo itens de primeira necessidade.  Dentre elas, pode-se dizer que a participação mais significativa vem das igrejas espalhadas nas comunidades. Com o intuito de organizar e dinamizar a arrecadação, a Arquidiocese de Belém em parceria com a Cáritas Metropolitana desenvolve o projeto Belém, a Casa do Pão, que reúne 67 paróquias da cidade.

Segundo Vera Sampaio, uma das coordenadoras do projeto e membro da Cáritas Metropolitana, ele partiu de uma idéia do Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira, como uma forma de “beneficiar um número maior de pessoas”. Através do sistema informatizado desenvolvido especificamente para o projeto, as comunidades podem computar as doações e estabelecer uma meta de acordo com as famílias que estão cadastradas.

A solução

Essa foi a forma encontrada para garantir uma distribuição mais igualitária. O cadastro das famílias no sistema é a principal arma a favor de uma divisão justa dos recursos. Criado através do número de identidade de um dos integrantes, ele contabiliza os membros da família, quantos deles trabalham, dentre outros aspectos. Vera diz que um indivíduo cadastrado que receber sua cesta básica em determinada comunidade, será identificado no sistema ao tentar receber mais doações em outra. “Vai minimizar a diferença na distribuição”, afirma.

Há ainda a proposta de intensificar “a presença da Igreja perto daquelas pessoas”, diz a coordenadora. A idéia é acompanhar o que acontece com essas famílias também nos outros períodos no ano, além do Natal, numa tentativa de minimizar a realidade de abandono e tentar a ajuda além do aspecto material, mas também social e espiritual.

A realidade das paróquias

Nas igrejas a situação é de dificuldade. As metas estabelecidas encontram barreiras na pequena quantidade de doações e no pouco envolvimento dos membros da comunidade. Luiz Paulo da Silva, 59, é integrante da equipe que coordena o projeto na Paróquia de São Pedro e São Paulo, no bairro do Guamá, e afirma que a situação piorou em relação ao anterior. “Ano passado a participação foi muito maior”, diz Luiz Paulo, “A equipe do ano passado era formada, em média por umas 12 pessoas. A deste ano é formada apenas por duas pessoas”.

Ele completa ainda dizendo “Ano passado o número de doações foi muito maior do que esse ano”. A relação de alimentos já arrecadados na paróquia mostra a falta de quase meia tonelada de alimentos para completar a meta, o que significa uma média de 300 cestas básicas completas para doação, número insuficiente para as famílias carentes da região.

Entrega das doações

Vera Sampaio explica que além dos alimentos que integrarão as cestas básicas, é possível também doar quantias em dinheiro, mas completa “Ninguém está autorizado a receber um centavo”, as doações devem ser encaminhadas para a conta do projeto no Banpará. Já as doações de alimentos devem ser feitas nos postos de arrecadação, localizados nas próprias paróquias e comunidades eclesiásticas participantes.

A entrega das doações será realizada neste sábado, 17, após a missa realizada às oito horas da manhã em todas as igrejas. Na Paróquia de São Pedro e São Paulo, a distribuição das cestas será por ordem alfabética, e aqueles que não receberem até o fim do período de entrega, às 11h, poderão buscar durante a semana, no mesmo local.

Ministério da Cultura quer criar políticas públicas para povos tradicionais de terreiro


Táta Kinamboji com Iyá Aduni Benton na II CNC.
O MinC ofertou, do dia 27 a 30 de novembro, a I Oficina Nacional de Construção de Políticas Públicas para Povos Tradicionais de Terreiros, em São Luís do Maranhão. O objetivo foi conhecer melhor as necessidades dos povos, e receber deles propostas de políticas públicas específicas para essas culturas. Foram ofertadas 100 vagas para líderes de povos tradicionais de terreiro de todo o Brasil e mais 40 vagas, ofertadas pelo governo maranhense para líderes do estado, que juntos, elaboraram propostas que serão mescladas ao Plano Nacional de Cultura.
O evento além promover a cultura desses povos com apresentações e manifestações artísticas, ofertou discussões acerca das problemáticas deles com temas como Patrimônios Culturais, Sustentabilidade, Direitos Civis entre outros.  O sacerdote, artista e professor da Faculdade de Artes Visuais da UFPA, Arthur Leandro, conhecido no Candomblé como Táta Kinamboji, e que foi um dos 100 inscritos, ressalta que essa é uma grande conquista para os povos. “Pela primeira vez na historia do país, o governo toma a iniciativa de conversar com os povos tradicionais de terreiro. Esse é um fato histórico” comenta o sacerdote do Candomblé, que representou o Pará junto com mais quatro pessoas.
Táta participou do grupo de discussões com o tema Comunicação e fez algumas propostas acerca desse tema.  Inicialmente, o professor critica a concessão de canais para empresas que promovem a violência religiosa, ou seja, apresentam programas de determinada religião e condenam outras. Ele cita como exemplo a rede Record, a Rede Vida, a TV Nazaré, e narra um episódio em que o Programa do Ratinho do SBT fala mal e ridiculariza as religiões, mostrando uma reportagem em que o prefeito de Belém, na época, Edmilson Rodrigues em gestão do PT, permite que as religiões afro tenham livre acesso a cemitérios públicos para rituais. A reportagem foi apresentada pelo assistente de palco conhecido por Sombra com a frase “Prefeito de Belém libera cemitério para Macumba”.
A partir disso, o artista exige que o governo federal retire a concessão de canais para empresas que praticam esse tipo de violência, pois o Brasil é um país laico. Arthur fala que outra proposta foi a inserção de programas que falem sobre as culturas de povos de terreiro em canais públicos, pois essas religiões são descriminalizadas e têm poucos espaço nas mídias, a não ser quando são alvo de críticas ou são vistas como curiosidade por elas.
Levando em conta uma pesquisa que o próprio Ministério da Cultura fez para mapear os povos de terreiro em três capitais brasileiras, Belém, Recife e Belo Horizonte, Táta elabora a proposta da criação de cotas para esses povos. Somente em Belém, foram mapeados 3180 terreiros, sendo que em cada um deles vivem cerca de 30 a 35 pessoas. Elas representam 10% da população de Belém, porcentagem significativa o bastante para que se abram vagas específicas em universidades e para que se estabeleçam políticas com cota de 10% para eles em todas as ações do ministério.
Como professor, Arthur também reivindica o espaço da cultura dos povos de terreiro no espaço em que trabalha. “A UFPA e o ICA [Instituto de Ciências da Arte] ainda têm resistência quando se fala em povos tradicionais de terreiro”, ele diz. A disciplina Poéticas Visuais Afro-Brasileiras, do curso de Artes Visuais, já foi aprovada pelo instituto, porém ainda não entrou em atividade. “A Universidade Federal do Pará não tem interesse nas comunidades tradicionais de terreiro” ele critica.
A I Oficina Nacional de Construção de Políticas Públicas para Povos Tradicionais de Terreiros, produto da II Conferência Nacional de Cultura, ocorrida em março de 2010, termina e o que resta são esperanças dos povos. Mesmo com todas as propostas feitas e o Ministério cheio delas, nada foi garantido, nenhuma das propostas. A Oficina, que já começou de uma forma excludente, validando inscrições apenas pela internet, até agora é apenas um fato histórico, e sem resultado algum.

Texto: Gustavo Aguiar

domingo, 9 de outubro de 2011

Instituto de Ciências Biológicas promove o estudo de novos medicamentos contra o câncer.


por Ana Carlina Matos e Laís Nunes.


     Novas drogas vêm sendo testadas no combate de um tipo de câncer que, para a surpresa de alguns, é líder de incidência no nosso Estado: o câncer gástrico. O Norte é a terceira região mais afetada do Brasil, e o Pará consta no topo dessa lista. ICB, localizado no campus I da UFPA, realiza pesquisas avançadas na área, e é coordenado pelo renomado especialista, o equatoriano Dr. Rommel Burbano.

     O câncer surge quando uma célula comum perde o controle da sua própria divisão celular, multiplicando-se incontáveis vezes, formando tumores malignos. O gástrico, em especial, diz respeito às células estomacais, e tem uma estreita ligação com os hábitos alimentares e certas patologias. Atualmente, seu único tratamento garantidor de cura é a cirurgia de remoção dos linfonodos, e em alguns casos, partes do órgão precisam ser removidas também. A radioterapia e a quimioterapia agem de maneira secundária, porém não menos importante, pois ajudam a determinar uma melhor resposta ao tratamento.

     E é na parte da quimioterapia que a estudante Nayana Machado faz suas pesquisas, orientada pelo professor Dr. Marcelo Bahia, formado pela UFPA. Ela pesquisa a atuação de dois medicamentos. O primeiro, a Doxorrubicina, comprovadamente eficaz por estudos anteriores e já usada no tratamento de pacientes, combate as células cancerígenas, mas afeta também as células saudáveis, causando efeitos colaterais indesejáveis. O outro medicamento, o Canova, estimula o sistema imunológico, e protege as células saudáveis do câncer, também já é usado no tratamento.O estudo consiste no tratamento com o uso simultâneo de ambas as drogas, o cerne da questão é proteger as células saudáveis dos medicamentos evasivos que combatem as células cancerígenas. Ou seja, usar a Canove para limitar a atuação da Doxorrubicina a apenas as áreas afetadas pela doença.

     Até agora, a pesquisa tem mostrado certo êxito nos resultados obtidos em laboratório, mas ainda são estatisticamente insuficientes, o que mostra uma necessidade de aprofundar os estudos até que esse novo tratamento seja liberado para o uso em pacientes, porém não há expectativas de quanto tempo pode demorar até que esse estudo seja concluído. Por enquanto, precisamos estar atentos aos cuidados necessários para preservar a nossa qualidade de vida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A visão das grandes mídias sob os povos “Marginalizados”


Carlos Fernando

O Jornalista, Professor e Pesquisador da UFPA, Manuel Dutra, escreveu um artigo falando da abordagem de temas amazônicos sob o olhar das grandes mídias. O artigo “Mídia e apropriação de saberes tradicionais: a recorrência de um discurso de afirmação e de negação estratégicas fala sobre a abordagem dos grandes meios de comunicação sobre a vida dos povos “marginalizados”.
O Professor fala sobre a visão “preconceituosa” da grande mídia com os ribeirinhos, índios e amazônidas em geral. Comenta ainda, sobre a falta de credibilidade na cultura dos índios, quando os indígenas, que já utilizam ervas medicinais há anos, perdem o direito e o crédito pela descoberta de novas substâncias.“Na mídia contemporânea, verifica-se aí um persistente focalizar/desfocar, dar a palavra para convalidar o discurso hegemônico, ou para silenciar os detentores de saberes tradicionais, que só se tornam visíveis e focalizados quando seu saber é extraído da floresta e testado nos laboratórios do mercado e do lucro.” Relata o Professor em seu texto.
Uma sitação comentada por Manuel Dutra é a repetição de situações em que a mídia menospreza completamente o saber e a cultura do amazônida, seja ele ribeirinho ou índio. Para reforçar seu comentário, ele compara a entrevista dada pelo Médico e dublê de star televisivo, como ele mesmo diz, Dráuzio Varella com o texto que compõe a narrativa do naturalista e pesquisador da medicina indígena Phillip von Martius, que mesmo separados por séculos, apresentam discursos muito semelhantes. Em seus comentários, eles negam os saberes e as culturas populares dos povos amazônidas, que há muito tempo convivem e utilizam das ervas que eles “supostamente” descobriram.“Ontem, a instituição científica, hoje a instituição-mídia, ambas reconhecendo e ao mesmo tempo negando a capacidade de grupos subalternos de terem o domínio, pelo conhecimento, do ambiente em que vivem. Uma negação que revela a primazia da instância científica sobre saberes longamente acumulados e vividos.” , enfatiza o professor.
Outro ponto importante do artigo de Dutra se dá quando ele fala do interesse da mídia na Amazônia e, mesmo assim, as grandes mídias acabam denegrindo a imagem da região e de seu povo. Visto que os meios de comunicação tem um campo amplo e vago para falar sobre o povo e a região amazônica, mas acaba utilizando de temas e contextos que lhes interessa e não se preocupam com o que estão escrevendo e divulgando sobre a região.
E as reportagens feitas pela mídia, ainda possuem o caráter de colônia x metrópole. A visão altamente preconceituosa como mostra este trecho do artigo do Professor Manuel Dutra “Ao analisar as ‘constantes temáticas’ presentes nas pautas das revistas impressas, Sodré (1992, p. 49-50) reafirma que a imagem feita da natureza brasileira, de lugares remotos e povos desconhecidos quase sempre revela ‘um país a descobrir’ ou ‘em vias de construção’, paisagem vista à maneira do descobridor.”.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

IEC desenvolve projeto para conter futuro surto de cólera


Amanda Campelo e Renan Mendes

O Projeto de Caracterização Genômica do Vibrio cholerae, desenvolvida pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), objetiva conter um futuro surto de cólera previsto para daqui a dois anos. Coordenado pela médica Lena de Sá, o projeto faz coletas semanais na região metropolitana de Belém para descobrir as mutações que o vibrião da bactéria está sofrendo.
Entre 2006 e 2007, uma cepa (grupo de descendentes com um ancestral comum) da bactéria foi isolada de uma amostra de água superficial coletada do Igarapé Tucunduba, no município de Belém, dando inicio às pesquisas do IEC.
O projeto tem por base a tese de pós-graduação de Lena, intitulada “Diversidade Genética de isolados ambientes de Vibrio cholerae da Amazônia brasileira”. Além de Lena, o projeto é constituído por bolsistas provenientes do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará.
Geovanni Oliveira, estudante do 4º semestre de Biotecnologia, é bolsista do projeto e afirma que “esta descoberta é de extrema importância para que possamos fazer a sua caracterização e descobrir se esta cepa - que até então só produz antígenos, mas não transmite a cólera - poderá ganhar novamente sua virulência (poder patogênico)”.
Vibrio cholerae, agente etiológico da cólera, é uma bactéria nativa de ambientes aquáticos de regiões temperadas e tropicais. A cólera é endêmica e epidêmica em países da África, Ásia e Américas Central e do Sul, sendo uma doença infecciosa intestinal aguda, exclusiva dos seres humanos, veiculada predominantemente pela água, mas também por alimentos.
As manifestações clínicas são variadas e vão desde infecções e quadros leves a casos graves, caracterizados por início repentino de diarreia aquosa e abundante, sem dor, vômitos ocasionais e câimbras. Esse quadro, quando não tratado prontamente, pode evoluir para desidratação grave, acidose metabólica, insuficiência renal e choque hipovolêmico. Segundo a doutora, a taxa de mortalidade pode chegar a 50%, mas com tratamento adequado não chega a 1%.

Número e percentagem de casos de cólera no Brasil, 1991-2008.

Região
Número                                              
                                          %
Norte
                    11.613
                                         6,89
Nordeste
                  155.357
                                       92,15
Sul
                          860
                                         0,51
Sudeste
                          473
                                         0,28
Centro-Oeste
                          285
                                         0,17
Brasil
                   168.588
                                          100
FONTE:Adaptadodehttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/casos_conf_colera_1991_2008.pdf Acessado em 12/08/2009.

A sétima e atual pandemia teve seu início registrado em 1961 na Indonésia. Há pouco tempo fora encontrado em Bangladesh um novo tipo de cepa que também está sendo estudada. A previsão de um novo surto de cólera eleva o grau de importância do projeto desenvolvido pelo IEC, pois assim que as mutações que o vibrião sofreu forem descobertas novas vacinas serão produzidas.

sábado, 1 de outubro de 2011

A Amazônia aos olhos da mídia



O jornalista e pesquisador da Universidade Federal do Pará Manuel Dutra escreveu o artigo “Mídia e apropriação de saberes tradicionais: a recorrência de um discurso de afirmação e de negação estratégicas”, analisando a maneira ambígua como a mídia trata os saberes dos povos da Amazônia.
Enfatizando o caráter da manipulação da informação a favor de interesses particulares, Dutra mostra como os povos que durante anos adquiriram conhecimento através da experiência são ofuscados pelos meios de comunicação quando se trata de reconhecer seus méritos medicinais. 
De acordo com o autor, que apresenta dados e exemplos ao longo do texto, a mídia traz à cena esses povos amazônicos para fazer prevalecer seu discurso midiático hegemônico e os ofusca “para silenciar os detentores de saberes tradicionais”, quando estes não são tão importantes quanto o fruto de seu trabalho ou o mercado para o qual serão destinados.

História
O jornalista explica que o fator principal para esse posicionamento oscilante dos meios de comunicação é o colonialismo histórico brasileiro, que “ora nega, ora percebe a existência da história de povos que têm o conhecimento do ambiente em que milenarmente vivem”, inferiorizando grupos não condizentes com suas normas de comportamentos estabelecidas.
Como um dos exemplos da dualidade dos discursos midiáticos, Dutra ressalta o caso do conhecido médico Dráuzio Varella. Em um programa de televisão, o médico aparece explicando “os benefícios de plantas e essências florestais para a produção de medicamentos para o mercado da medicina estabelecida pela sociedade branca” enquanto que, tempos depois, em uma edição da revista IstoÉ, afirmou não haver nada a ser aprendido com a medicina dos índios.

“Ciência branca”
Utilizando-se de autores conhecidos, como Phillip Von Martius e Sérgio Buarque de Holanda, o professor explicita a tendência que a mídia tem de exaltar a ciência em detrimento dos conhecimentos acumulados durante a vida dos nativos da Amazônia. A mídia veicula que “certa é a ciência branca e hegemônica”, encontrada em livros e textos televisivos, e não os saberes tradicionais.
Da análise do mesmo programa televisivo em qual aparece Varella, Dutra chega a algumas conclusões: tornou-se natural a visão de uma Amazônia sem evolução histórica, apenas parada no tempo, assim como uma divisão do trabalho que deixa o produtor na base da escala do comércio que, com sua rapidez de fluxos, naturalizam ainda mais esse ideário Amazônia estática.
Ao fim do seu texto, mesmo ciente do poder midiático, Dutra mostra-se confiante na reversão dessa imagem de não-sujeito que os meios de comunicação costumam passar sobre o amazônida. Para ele, os próprios nativos já começam a impor suas opiniões e seus símbolos onde antes apenas os sistemas emissores tinham voz.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Pará avança nos estudos para o tratamento de doenças gástricas


Projeto desenvolvido na UFPA tenta melhorar a saúde do amazônida, sem esquecer a questão social

                                     
                                                                                                       Brenda Maciel & Caio Oliveira

No último andar do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), a professora Rosane Loiola desenvolve um projeto que pode fazer uma grande diferença no combate às doenças do aparelho digestivo, um mal muito comum e desconhecido na Amazônia. O Laboratório de Imuno-Genética da UFPA tem realizado grandes avanços no estudo da Helicobacter pylori e sua interação com os indivíduos, apesar do grande desafio que é fazer ciência no Pará.

   A linha de pesquisa do projeto envolve o estudo da relação da bactéria causadora de doenças inflamatórias no estômago com o seu hospedeiro, nesse caso em especial, com o amazônida. Os fatores genéticos - como o tipo sanguíneo - e os fatores sociais são levados em consideração. De acordo com a professora, nossa região tem a maior ocorrência na transmissão da bactéria, seja por questões sociais ou culturais

   De acordo com as pesquisas na área, o norte do Brasil possui o maior índice de câncer de estômago do país, com cerca de 90% da população acometida pela H. pylori. Além disso, 80% da região norte sofrem de algum tipo de úlcera gástrica e 70% de algum grau de gastrite. A falta de saneamento básico é uma das causas, pois a transmissão da H. pylori é oral-fecal, o que denota que alimentos e água inadequada são os principais meios de contaminação. Segundo a professora, a fase em que mais ocorre a aquisição da bactéria é durante a infância, até os cinco anos de idade, e no meio intra-familiar.

   Hábitos comuns da região podem se mostrar perigosos quando o assunto são as doenças gástricas. Comer peixe salgado com açaí é um deles, além da falta de consumo de verduras. Tudo isso prejudica a saúde do povo amazônico, pois tornam o organismo propício para a instalação da H. pylori, uma das bactérias capazes de sobreviver em um ambiente ácido.

   A professora Rosane diz que além de descobrir vias de tratamento dessas patologias, através da pesquisa, ela e sua equipe tentam, de alguma forma, alertar as entidades públicas da gravidade da situação. Um maior investimento em saúde e saneamento pode diminuir consideravelmente a incidência das doenças gástricas. Desde 1996, a Pós-Graduação em Agentes Infecciosos e Parasitários pesquisa sobre as doenças gástricas, mas só nos últimos anos a Faculdade tem dado ênfase em melhorar as condições de vida da população.

   A grande dificuldade da pesquisa é a falta de financiamento, como ocorre com frequência em algumas instituições públicas de ensino, principalmente em nossa região. Para levar o estudo à diante, a Faculdade tem parcerias com institutos como o Hospital Universitário Bettina Ferro, o Hospital Ophir Loyola e o Instituto Evandro Chagas, sendo que a UFPA fornece o espaço físico e a estrutura necessária.

  Os dois bolsistas do projeto participam através de estágio voluntário, e fazem parte de uma equipe de cerca cinco pesquisadores diretamente ligados com o estudo. Porém, mesmo com todas essas dificuldades, esses cientistas tentam cumprir seu compromisso social ajudando a salvar vidas no mundo inteiro sem esquecer o povo da Amazônia.