terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Belém e o eterno caos no trânsito



Congestionamentos e cada vez mais veículos nas ruas causam transtornos diários para a população. Em uma década, frota triplicará, aponta pesquisa.

Renan Mendes

O que mais estressa os moradores da cidade de Belém na correria do dia-a-dia? Para muitos, a resposta seria o trânsito. Deslocar-se de um lugar para outro, principalmente em horários de grande fluxo de pessoas e veículos, é uma tarefa que requer paciência de muitos motoristas e passageiros. Não importa se em Belém ou em outras grandes cidades do país, o trânsito é um problema na vida de muitas pessoas. 
A estudante Stephanie Luize, 18, afirma que sua rotina sempre foi condicionada aos horários dos transportes públicos e ao trânsito da capital. “Meu ônibus sempre demora a passar e, depois de certo horário, o trânsito fica lento demais. Então acordo mais cedo para conseguir pegar um ônibus que não enfrente os engarrafamentos e a lentidão do trânsito em algumas ruas de Belém. Só assim para não chegar atrasada para a aula”, relata a estudante, que depende do transporte público para chegar à escola.

Motivo

Qual seria o motivo de um trânsito lento e caótico em alguns principais pontos da cidade? Para Paulo Ribeiro, arquiteto urbanista e professor da UFPA, o aumento da frota de veículos particulares é a principal razão do intenso tráfego na capital do Estado. “O número de veículos vem aumentando em virtude do crescimento real da renda, da precariedade do sistema de transporte público e das facilidades de créditos para a aquisição de veículos privados”, explica Paulo.
Além desse aumento, um estudo realizado pelo Departamento Estadual de Trânsito do Pará (DETRAN) não traz boas notícias para quem enfrenta o trânsito diariamente. Segundo a pesquisa, iniciada em 2007, o Pará deverá ter três vezes mais automóveis em 2021 do que tem hoje. Serão cerca de quatro milhões de carros circulando pelas ruas de todo o Estado.

Solução

Belém já conta com alguns projetos urbanísticos para o melhoramento do tráfego. O Ação Metrópole, por exemplo, é um projeto do governo para a realização de um conjunto de obras de infra-estrutura viária na Região Metropolitana de Belém. A primeira etapa do projeto contou com obras na Avenida Júlio Cezar, Pedro Álvares Cabral e Arthur Bernades. A previsão de conclusão do projeto é para 2015.
Mesmo com o projeto em andamento, Paulo não acredita que Belém estará preparada para suportar o grande aumento do número de carros. “Chegará a um ponto que não haverá vias que suportem esse número de veículos”, afirma o arquiteto, que assegura haver soluções mais eficientes para a resolução do problema.
Segundo ele, um investimento no sistema de transporte coletivo diminuiria os problemas de trânsito da capital. O arquiteto esclarece que “é preciso investir em transporte público, criando um sistema eficiente que permita as pessoas se deslocarem de forma mais eficaz e segura. Só um investimento efetivo nesse sistema vai poder fazer com que, ocupando um espaço menor, desloque-se um número maior de pessoas.”



Onda de assaltos no Bairro do Una e Mário Covas assusta moradores


                                                                                                                               Marlon Leal    
                                     
O número de assaltantes vagando pela rodovia Mário Covas e pela entrada do bairro do Una é visivelmente grande, principalmente para quem precisa trafegar diariamente pelo local à noite, ao voltar do trabalho. A região, localizada próximo ao bairro do Coqueiro, na entrada da cidade de Belém, sofre com a alta incidência de roubos que tem dificultado a vida de moradores e passantes.

Frequência

No último dia 16, três meliantes assaltaram pessoas que esperavam no ponto de ônibus na Rodovia Transcoqueiro, próximo à passagem Norberto Cabral às seis horas da noite. Segundo moradores, um deles seria menor de idade, e os outros dois seriam assaltantes foragidos já conhecidos por roubos na região. Uma das vítimas, Dona Maria do Rosário, 56 anos, moradora do bairro, diz já ter sido assaltada uma vez “no mesmo lugar e no mesmo horário!”. Os assaltantes levaram celulares e dinheiro, e fugiram a pé.
Segundo um dos presentes, a cena já teria ocorrido várias vezes desde o começo do ano, em outros pontos do bairro, e a incidência teria aumentado em comparação ao último ano. A falta de policiamento e problemas na iluminação pública são fatores importantes para a frequência com que esses crimes ocorrem, e ambos são bem presentes no bairro e arredores.
Outro tipo de assalto que tem se tornado mais comum são os assaltos a ônibus. De janeiro para dezembro, segundo moradores, já teriam ocorrido mais de cinco assaltos do tipo. Geralmente em grupos de três, os bandidos armados agem rapidamente, roubando o dinheiro das passagens, e saltam perto de vielas mal iluminadas, para dificultar perseguições. Os alvos principais seriam ônibus com lotação menor, o que facilitaria a ação dos bandidos.
Sobre isso, uma das moradoras até brinca: “só não tem mais assaltos mesmo por que há poucos ônibus pra muita gente, então eles (os ônibus) estão quase sempre lotados”. A brincadeira revela outro problema também presente: transporte público precário de má qualidade. Após o assalto já mencionado, uma das vítimas comentou: “talvez se houvessem mais ônibus, a gente não ficaria mais de meia hora aqui esperando.” Além disso, a presença de ônibus sem câmeras instaladas facilita a impunidade já tão presente.

Abandono

A falta de sérias políticas públicas para o combate à violência é o fator fundamental para o aumento desse tipo de crime. Há falta de policiamento até mesmo em rodovias maiores como a Rodovia Mário Covas, onde assaltos há noite também estão se tornando mais comuns. Além disso, os postes de iluminação pública que muitas vezes são danificados pelos próprios bandidos também demoram a receber assistência de técnicos contratados da prefeitura.
Um dos postes, localizado próximo à passagem Bom Jesus, está sem funcionamento há mais de seis meses. Segundo um dos moradores, o estudante Alexandre Vaz, próximo ao local é fácil encontrar, tarde da noite, jovens usando drogas. “Eles ficam por aí usando drogas e se viciam fácil, então eles roubam pra conseguir dinheiro rápido pra usar de novo”.

Expansão da violência

E esses bandidos não agem apenas no Bairro do Uma, mas também em seus arredores como a Rodovia Mário Covas, como já foi citado anteriormente. À noite, embora a rodovia tenha um tráfego considerável de carros e caminhões, a quantidade de pedestres é pequena, facilitando o trabalho dos meliantes que assaltam uns e outros transeuntes. A segurança é garantida para quem mora em condomínios e possuem carros para sair ou chegar em casa. Mas para os moradores das precárias passagens, isso é uma dificuldade.
Com menos movimentação noturna nas pequenas ruas, os moradores das passagens também enfrentam problemas semelhantes com bandidos. Muitas vezes, é preciso andar vários quarteirões das paradas de ônibus até as casa, tendo que andar às pressas por uma rodovia deserta. É nesse momento que a maioria dos assaltos acontece. “A gente preocupada com a segurança dos nosso filhos, pois muitas vezes eles tem que voltar tarde da Universidade”, diz Márcia Cristina, Moradora da passagem Cosme e Damião.  
Problemas semelhantes também podem ser encontrados em vários outros bairros na cidade, e a solução para esses problemas parece distante, uma vez que a prefeitura e o governo são pouco presentes em bairros humildes como o Uma. Mas as soluções devem sempre ser cobradas. “Os políticos não olham pra cá, mas as pessoas votam mesmo assim, né? Isso não pode continuar assim” reclama Maria do Rosário.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Rumo ao tri, guamaenses levarão teatro e dança para a avenida em 2012


Bole Bole, escola campeã do Grupo Especial em 2010 e 2011, defenderá o título homenageando Escola de Teatro e Dança da UFPA.


O bairro do Guamá, o mais populoso de Belém, é reconhecido pelos altos índices de criminalidade e por demais mazelas sociais. Mas, além disso, seus moradores respiram música, em especial o samba. Quando fevereiro se aproxima, o povo se aquece para os desfiles de blocos carnavalescos e do grande orgulho do bairro: a Associação Carnavalesca Bole Bole.

Atual bicampeã do Grupo Especial de Belém, a escola de samba levará à Aldeia Amazônica, local dos desfiles, a beleza e os talentos da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), em homenagem aos seus 50 anos.

Até a realização do desfile, no dia 18 de fevereiro, a diretoria da escola terá muito trabalho para levar as alegorias e os brincantes para a avenida. Herivelto Martins, presidente de honra da agremiação, conta como eles se preparam: “Primeiramente, nossa carnavalesca, Cláudia Palheta, prepara os desenhos, que viram protótipos. Daí eu mesmo desenho e monto a estrutura metálica dos carros. Pela experiência, no início de fevereiro, já está tudo pronto”.

ORGANIZAÇÃO

Diferente dos carnavais do Rio de Janeiro e de São Paulo, a estrutura dos desfiles da capital paraense, na opinião de Herivelto, é bastante limitada. A Fundação Cultural do Município de Belém (FUMBEL), responsável pela organização do carnaval, não olha como deveria para o samba da cidade. “A FUMBEL não tem nenhum ponto forte, por falta de políticas públicas. Só trabalha com cultura quem entende de cultura”, afirma.

Outras parcerias viabilizam o desfile da escola, com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) e com a própria UFPA, que forneceram o material para a confecção de fantasias e alegorias. “Haverá, inclusive, ensaios no próprio campus da UFPA, nos domingos de manhã, para homenagear a universidade, e levaremos os integrantes pelas ruas do bairro, até a nossa quadra na Pedreirinha, cantando nosso samba-enredo e chamando o povo guamaense”, diz, empolgado, o presidente de honra do Bole Bole.

APOIO

Segundo Herivelto, a escola de samba tem orçados, para 2012, gastos de, aproximadamente, R$ 150 mil reais no desfile, e recebe cerca de R$ 46 mil da Prefeitura de Belém, R$ 25 mil do Governo do Estado, além de outros apoios que ajudam a economizar os custos: “O IFPA nos cedeu o barracão, para a confecção das alegorias e das fantasias, o que nos faz economizar R$ 20 mil”.

Ainda segundo ele, o IFPA ajuda em cursos de formação de ritmistas, o que é bom tanto para o Instituto, quanto para a comunidade do Guamá. Este apoio é fundamental para que o Bole Bole volte a brilhar na avenida e, ao mesmo tempo, criar novos admiradores do samba e da própria escola. A idéia, para Herivelto, é manter viva a tradição do carnaval na vida dos guamaenses.

SAMBA DO POVO

Fundado em 1984, como bloco de empolgação, o Bole Bole se orgulha de suas origens, e Herivelto atribui a isso o apelo popular que a escola tem, não apenas no Guamá: “Nosso diferencial é o nosso passado de bloco, que vem das ruas, uma empolgação que as outras escolas não têm”.

Com os títulos de 2010, com enredo sobre os Palhaços Trovadores, e 2011, falando do Teatro de Bonecos, a agremiação guamaense ganhou notoriedade em outros bairros de Belém. O presidente de honra afirma que a escola sempre foi marcada por levantar o público nas arquibancadas da Aldeia Amazônica no carnaval: “em 2010, fomos a última escola a entrar na avenida, e o povo ficou até o final, esperando a gente”.

Herivelto chegou a pensar em fechar a escola, no início dos anos 2000, por conta dos prejuízos e da ausência de títulos. “Quando eu disse isso, um rapaz me disse pra não fazer, pois eu não sabia o quanto o Bole Bole era querido no nosso bairro”, afirma ele. A expectativa é de que, em 2012, venha o tricampeonato, na base do trabalho e pelos aplausos de cada guamaense. “O Bole Bole segura o público na avenida, e nós contamos com eles no ano que vem”, finaliza Herivelto.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011


O natal une corações por uma causa maior: a sensibilidade
Adultos e crianças confraternizam-se e compartilham o mesmo espírito de harmonia e solidariedade em Belém
Brenda Maciel

Trabalhar com entretenimento está cada vez mais lucrativo no Brasil. O natal é um dos temas mais bem explorados por investidores, organizadores, empresários e autônomos no geral. O público para essa época é maciçamente infantil e exige cada vez mais. Em Belém acontecem, a partir dessa semana, programações variadas e nos lugares mais movimentados do centro. Desde eventos com o título ‘ Quero causar na sacola do Papai Noel’, de acesso restrito a maiores de idade, até apresentações tradicionais para crianças como a visita do bom velhinho nos shoppings da cidade.

E nos bastidores de toda essa festa, há pessoas que esperam o ano todo e no período do fim de ano acreditam na oportunidade para tirar a renda extra do mês. Outras depositam no natal a certeza da procura por seus serviços como os atores, cantores e animadores. O trabalho desses artistas é fundamental para a dinâmica das programações e eles afirmam que as exigências dos organizadores não os incomodam, ao contrário, só enfatizam a importância e a valoração dos seus trabalhos.

A produção dessas festas tem um respaldo em pesquisas e compromisso em se atualizar mesmo sendo uma festividade tradicional. ‘Todo ano, nós procuramos programar novas atrações das quais as crianças estão querendo participar atualmente assim podemos alcançar o aumento das visitações e por consequência o sucesso do evento com a ajuda de toda a equipe técnica, artística e produtora’ afirma o diretor de arte do projeto Vila Encantada, Marcelo Miranda. O projeto Vila Encantada, em oito anos, sempre foi baseado no compromisso social fechando parcerias com instituições de crianças carentes.

A prefeitura de Belém oferece gratuitamente, em espaços públicos como a Praça da República e o Horto Municipal, atividades lúdicas e culturais que exaltam a importância da preservação do meio ambiente. ‘Aproveitamos que esta época as pessoas se solidarizam mais com as causas sociais e alertamos que é nosso direito ter uma cidade mais limpa e organizada’. Diz a secretária municipal de meio ambiente, Camila Miranda, sobre a revitalização feita na Praça da República. A doação de brinquedos para crianças hospitalizadas está sendo feita no Horto Municipal.

Duendes de Noel

Os artistas que se caracterizam de papai Noel, fadas, duendes e até personagens de desenho animado garantem que adoram a diversão aliada ao trabalho. ‘É muito bom ver a criançada interagindo como se fossemos vindos diretamente do mundo encantado’ conta Marcia Gonçalves, ajudante de papai Noel. Esses trabalhadores vivem anonimamente, não são reconhecidos no dia a dia e por esse fator tais profissionais despertam a magia e os sonhos dos pequeninos.

Papai Noel há 20 anos, seu Lúcio Brito conta que já se emocionou várias vezes com a verdade com a qual as crianças o enxergam. ‘Principalmente os pequeninos. Ouço tanta coisa. Geralmente os pedidos se repetem e muitas vezes chegam a chorar perto de mim’. É comum notarmos velhinhos gordinhos e de barba branca andando pela calorenta cidade de Belém. Muitas vezes com o olhar calmo e de jeito gracioso. São figuras indispensáveis a todo natal.

Ele existe

Existem pessoas que fazem questão de estragar a infância dos baixinhos contando-lhes mirabolantes histórias da arte de enganá-los com presentes do papai Noel. A espiritualidade infantil dá vida ao mundo fantástico do natal e não se trata de crer em mentiras, mas sonhar enquanto é possível e aceitável. ‘ Ele( papai Noel) vem em casa e deixa meu presente no pé da árvore todo ano’ relata Maria Inês Maciel, quatro anos.

‘ O papai Noel vem aqui e vai me dar um carrinho’ conta com alegria Lucas Furtado de dois anos. Os filmes que eles assistem ajudam a manter a imaginação em dia e constrói a esperança da visita do bom velhinho. D. Ângela Furtado, mãe de Lucas confirma: ‘Esses jovens são tão ingênuos quanto à realidade que não dá coragem de desmentir na frente deles, sem razão, a lenda mágica do Natal’.