Bole Bole, escola campeã do Grupo Especial em 2010 e 2011, defenderá o
título homenageando Escola de Teatro e Dança da UFPA.
O bairro do Guamá, o mais
populoso de Belém, é reconhecido pelos altos índices de criminalidade e por
demais mazelas sociais. Mas, além disso, seus moradores respiram música, em
especial o samba. Quando fevereiro se aproxima, o povo se aquece para os
desfiles de blocos carnavalescos e do grande orgulho do bairro: a Associação
Carnavalesca Bole Bole.
Atual bicampeã do Grupo Especial de Belém, a
escola de samba levará à Aldeia Amazônica, local dos desfiles, a beleza e os talentos da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA),
em homenagem aos seus 50 anos.
Até a realização do desfile, no
dia 18 de fevereiro, a diretoria da escola terá muito trabalho para levar as
alegorias e os brincantes para a avenida. Herivelto Martins, presidente de
honra da agremiação, conta como eles se preparam: “Primeiramente, nossa
carnavalesca, Cláudia Palheta, prepara os desenhos, que viram protótipos. Daí
eu mesmo desenho e monto a estrutura metálica dos carros. Pela experiência, no
início de fevereiro, já está tudo pronto”.
ORGANIZAÇÃO
Diferente dos carnavais do Rio de
Janeiro e de São Paulo, a estrutura dos desfiles da capital paraense, na
opinião de Herivelto, é bastante limitada. A Fundação Cultural do Município de
Belém (FUMBEL), responsável pela organização do carnaval, não olha como deveria
para o samba da cidade. “A FUMBEL não tem nenhum ponto forte, por falta de
políticas públicas. Só trabalha com cultura quem entende de cultura”, afirma.
Outras parcerias viabilizam o
desfile da escola, com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Pará (IFPA) e com a própria UFPA, que forneceram o material para a confecção de
fantasias e alegorias. “Haverá, inclusive, ensaios no próprio campus da UFPA,
nos domingos de manhã, para homenagear a universidade, e levaremos os integrantes pelas ruas do
bairro, até a nossa quadra na Pedreirinha, cantando nosso samba-enredo e
chamando o povo guamaense”, diz, empolgado, o presidente de honra do Bole Bole.
APOIO
Segundo Herivelto, a escola de
samba tem orçados, para 2012, gastos de, aproximadamente, R$ 150 mil reais no
desfile, e recebe cerca de R$ 46 mil da Prefeitura de Belém, R$ 25 mil do
Governo do Estado, além de outros apoios que ajudam a economizar os custos: “O
IFPA nos cedeu o barracão, para a confecção das alegorias e das fantasias, o
que nos faz economizar R$ 20 mil”.
Ainda segundo ele, o IFPA ajuda
em cursos de formação de ritmistas, o que é bom tanto para o Instituto, quanto
para a comunidade do Guamá. Este apoio é fundamental para que o Bole Bole volte
a brilhar na avenida e, ao mesmo tempo, criar novos admiradores do samba e da
própria escola. A idéia, para Herivelto, é manter viva a tradição do carnaval
na vida dos guamaenses.
SAMBA DO POVO
Fundado em 1984, como bloco de
empolgação, o Bole Bole se orgulha de suas origens, e Herivelto atribui a isso
o apelo popular que a escola tem, não apenas no Guamá: “Nosso diferencial é o
nosso passado de bloco, que vem das ruas, uma empolgação que as outras escolas
não têm”.
Com os títulos de 2010, com
enredo sobre os Palhaços Trovadores, e 2011, falando do Teatro de Bonecos, a
agremiação guamaense ganhou notoriedade em outros bairros de Belém. O
presidente de honra afirma que a escola sempre foi marcada por levantar o
público nas arquibancadas da Aldeia Amazônica no carnaval: “em 2010, fomos a
última escola a entrar na avenida, e o povo ficou até o final, esperando a
gente”.
Herivelto chegou a pensar em
fechar a escola, no início dos anos 2000, por conta dos prejuízos e da ausência
de títulos. “Quando eu disse isso, um rapaz me disse pra não fazer, pois
eu não sabia o quanto o Bole Bole era querido no nosso bairro”, afirma ele. A
expectativa é de que, em 2012, venha o tricampeonato, na base do trabalho e
pelos aplausos de cada guamaense. “O Bole Bole segura o público na avenida, e
nós contamos com eles no ano que vem”, finaliza Herivelto.
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