sábado, 17 de dezembro de 2011

Rumo ao tri, guamaenses levarão teatro e dança para a avenida em 2012


Bole Bole, escola campeã do Grupo Especial em 2010 e 2011, defenderá o título homenageando Escola de Teatro e Dança da UFPA.


O bairro do Guamá, o mais populoso de Belém, é reconhecido pelos altos índices de criminalidade e por demais mazelas sociais. Mas, além disso, seus moradores respiram música, em especial o samba. Quando fevereiro se aproxima, o povo se aquece para os desfiles de blocos carnavalescos e do grande orgulho do bairro: a Associação Carnavalesca Bole Bole.

Atual bicampeã do Grupo Especial de Belém, a escola de samba levará à Aldeia Amazônica, local dos desfiles, a beleza e os talentos da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), em homenagem aos seus 50 anos.

Até a realização do desfile, no dia 18 de fevereiro, a diretoria da escola terá muito trabalho para levar as alegorias e os brincantes para a avenida. Herivelto Martins, presidente de honra da agremiação, conta como eles se preparam: “Primeiramente, nossa carnavalesca, Cláudia Palheta, prepara os desenhos, que viram protótipos. Daí eu mesmo desenho e monto a estrutura metálica dos carros. Pela experiência, no início de fevereiro, já está tudo pronto”.

ORGANIZAÇÃO

Diferente dos carnavais do Rio de Janeiro e de São Paulo, a estrutura dos desfiles da capital paraense, na opinião de Herivelto, é bastante limitada. A Fundação Cultural do Município de Belém (FUMBEL), responsável pela organização do carnaval, não olha como deveria para o samba da cidade. “A FUMBEL não tem nenhum ponto forte, por falta de políticas públicas. Só trabalha com cultura quem entende de cultura”, afirma.

Outras parcerias viabilizam o desfile da escola, com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) e com a própria UFPA, que forneceram o material para a confecção de fantasias e alegorias. “Haverá, inclusive, ensaios no próprio campus da UFPA, nos domingos de manhã, para homenagear a universidade, e levaremos os integrantes pelas ruas do bairro, até a nossa quadra na Pedreirinha, cantando nosso samba-enredo e chamando o povo guamaense”, diz, empolgado, o presidente de honra do Bole Bole.

APOIO

Segundo Herivelto, a escola de samba tem orçados, para 2012, gastos de, aproximadamente, R$ 150 mil reais no desfile, e recebe cerca de R$ 46 mil da Prefeitura de Belém, R$ 25 mil do Governo do Estado, além de outros apoios que ajudam a economizar os custos: “O IFPA nos cedeu o barracão, para a confecção das alegorias e das fantasias, o que nos faz economizar R$ 20 mil”.

Ainda segundo ele, o IFPA ajuda em cursos de formação de ritmistas, o que é bom tanto para o Instituto, quanto para a comunidade do Guamá. Este apoio é fundamental para que o Bole Bole volte a brilhar na avenida e, ao mesmo tempo, criar novos admiradores do samba e da própria escola. A idéia, para Herivelto, é manter viva a tradição do carnaval na vida dos guamaenses.

SAMBA DO POVO

Fundado em 1984, como bloco de empolgação, o Bole Bole se orgulha de suas origens, e Herivelto atribui a isso o apelo popular que a escola tem, não apenas no Guamá: “Nosso diferencial é o nosso passado de bloco, que vem das ruas, uma empolgação que as outras escolas não têm”.

Com os títulos de 2010, com enredo sobre os Palhaços Trovadores, e 2011, falando do Teatro de Bonecos, a agremiação guamaense ganhou notoriedade em outros bairros de Belém. O presidente de honra afirma que a escola sempre foi marcada por levantar o público nas arquibancadas da Aldeia Amazônica no carnaval: “em 2010, fomos a última escola a entrar na avenida, e o povo ficou até o final, esperando a gente”.

Herivelto chegou a pensar em fechar a escola, no início dos anos 2000, por conta dos prejuízos e da ausência de títulos. “Quando eu disse isso, um rapaz me disse pra não fazer, pois eu não sabia o quanto o Bole Bole era querido no nosso bairro”, afirma ele. A expectativa é de que, em 2012, venha o tricampeonato, na base do trabalho e pelos aplausos de cada guamaense. “O Bole Bole segura o público na avenida, e nós contamos com eles no ano que vem”, finaliza Herivelto.

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