Amanda Campelo e Renan Mendes
O
Projeto de Caracterização Genômica do Vibrio
cholerae, desenvolvida pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), objetiva conter
um futuro surto de cólera previsto para daqui a dois anos. Coordenado pela
médica Lena de Sá, o projeto faz coletas semanais na região metropolitana de
Belém para descobrir as mutações que o vibrião da bactéria está sofrendo.
Entre
2006 e 2007, uma cepa (grupo de descendentes com um ancestral comum) da bactéria
foi isolada de uma amostra de água superficial coletada do Igarapé
Tucunduba, no município de Belém, dando inicio às pesquisas do IEC.
O
projeto tem por base a tese de pós-graduação de Lena, intitulada “Diversidade Genética de isolados ambientes
de Vibrio cholerae da Amazônia brasileira”. Além de Lena,
o projeto é constituído por bolsistas provenientes do Instituto de Ciências
Biológicas da Universidade Federal do Pará.
Geovanni
Oliveira, estudante do 4º semestre de Biotecnologia, é bolsista do projeto e
afirma que “esta descoberta é de extrema importância para que possamos fazer a
sua caracterização e descobrir se esta cepa - que até então só produz
antígenos, mas não transmite a cólera - poderá ganhar novamente sua virulência
(poder patogênico)”.
Vibrio cholerae,
agente etiológico da cólera, é uma bactéria nativa de ambientes aquáticos de
regiões temperadas e tropicais. A cólera é endêmica e epidêmica em países da
África, Ásia e Américas Central e do Sul, sendo uma doença infecciosa
intestinal aguda, exclusiva dos seres humanos, veiculada predominantemente pela
água, mas também por alimentos.
As
manifestações clínicas são variadas e vão desde infecções e quadros leves a
casos graves, caracterizados por início repentino de diarreia aquosa e
abundante, sem dor, vômitos ocasionais e câimbras. Esse quadro, quando não
tratado prontamente, pode evoluir para desidratação grave, acidose metabólica,
insuficiência renal e choque hipovolêmico. Segundo a doutora, a taxa de
mortalidade pode chegar a 50%, mas com tratamento adequado não chega a 1%.
Número e percentagem de casos de cólera no Brasil,
1991-2008.
Região
|
Número
|
%
|
Norte
|
11.613
|
6,89
|
Nordeste
|
155.357
|
92,15
|
Sul
|
860
|
0,51
|
Sudeste
|
473
|
0,28
|
Centro-Oeste
|
285
|
0,17
|
Brasil
|
168.588
|
100
|
FONTE:Adaptadodehttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/casos_conf_colera_1991_2008.pdf
Acessado em 12/08/2009.
A
sétima e atual pandemia teve seu início registrado em 1961 na Indonésia. Há
pouco tempo fora encontrado em Bangladesh um novo tipo de cepa que também está
sendo estudada. A previsão de um novo surto de cólera eleva o grau de
importância do projeto desenvolvido pelo IEC, pois assim que as mutações que o
vibrião sofreu forem descobertas novas vacinas serão produzidas.
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