terça-feira, 4 de outubro de 2011

IEC desenvolve projeto para conter futuro surto de cólera


Amanda Campelo e Renan Mendes

O Projeto de Caracterização Genômica do Vibrio cholerae, desenvolvida pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), objetiva conter um futuro surto de cólera previsto para daqui a dois anos. Coordenado pela médica Lena de Sá, o projeto faz coletas semanais na região metropolitana de Belém para descobrir as mutações que o vibrião da bactéria está sofrendo.
Entre 2006 e 2007, uma cepa (grupo de descendentes com um ancestral comum) da bactéria foi isolada de uma amostra de água superficial coletada do Igarapé Tucunduba, no município de Belém, dando inicio às pesquisas do IEC.
O projeto tem por base a tese de pós-graduação de Lena, intitulada “Diversidade Genética de isolados ambientes de Vibrio cholerae da Amazônia brasileira”. Além de Lena, o projeto é constituído por bolsistas provenientes do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará.
Geovanni Oliveira, estudante do 4º semestre de Biotecnologia, é bolsista do projeto e afirma que “esta descoberta é de extrema importância para que possamos fazer a sua caracterização e descobrir se esta cepa - que até então só produz antígenos, mas não transmite a cólera - poderá ganhar novamente sua virulência (poder patogênico)”.
Vibrio cholerae, agente etiológico da cólera, é uma bactéria nativa de ambientes aquáticos de regiões temperadas e tropicais. A cólera é endêmica e epidêmica em países da África, Ásia e Américas Central e do Sul, sendo uma doença infecciosa intestinal aguda, exclusiva dos seres humanos, veiculada predominantemente pela água, mas também por alimentos.
As manifestações clínicas são variadas e vão desde infecções e quadros leves a casos graves, caracterizados por início repentino de diarreia aquosa e abundante, sem dor, vômitos ocasionais e câimbras. Esse quadro, quando não tratado prontamente, pode evoluir para desidratação grave, acidose metabólica, insuficiência renal e choque hipovolêmico. Segundo a doutora, a taxa de mortalidade pode chegar a 50%, mas com tratamento adequado não chega a 1%.

Número e percentagem de casos de cólera no Brasil, 1991-2008.

Região
Número                                              
                                          %
Norte
                    11.613
                                         6,89
Nordeste
                  155.357
                                       92,15
Sul
                          860
                                         0,51
Sudeste
                          473
                                         0,28
Centro-Oeste
                          285
                                         0,17
Brasil
                   168.588
                                          100
FONTE:Adaptadodehttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/casos_conf_colera_1991_2008.pdf Acessado em 12/08/2009.

A sétima e atual pandemia teve seu início registrado em 1961 na Indonésia. Há pouco tempo fora encontrado em Bangladesh um novo tipo de cepa que também está sendo estudada. A previsão de um novo surto de cólera eleva o grau de importância do projeto desenvolvido pelo IEC, pois assim que as mutações que o vibrião sofreu forem descobertas novas vacinas serão produzidas.

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