Marlon Leal
O
número de assaltantes vagando pela rodovia Mário Covas e pela entrada do bairro
do Una é visivelmente grande, principalmente para quem precisa trafegar diariamente
pelo local à noite, ao voltar do trabalho. A região, localizada próximo ao
bairro do Coqueiro, na entrada da cidade de Belém, sofre com a alta incidência
de roubos que tem dificultado a vida de moradores e passantes.
Frequência
No
último dia 16, três meliantes assaltaram pessoas que esperavam no ponto de
ônibus na Rodovia Transcoqueiro, próximo à passagem Norberto Cabral às seis
horas da noite. Segundo moradores, um deles seria menor de idade, e os outros dois
seriam assaltantes foragidos já conhecidos por roubos na região. Uma das
vítimas, Dona Maria do Rosário, 56 anos, moradora do bairro, diz já ter sido
assaltada uma vez “no mesmo lugar e no mesmo horário!”. Os assaltantes levaram
celulares e dinheiro, e fugiram a pé.
Segundo
um dos presentes, a cena já teria ocorrido várias vezes desde o começo do ano,
em outros pontos do bairro, e a incidência teria aumentado em comparação ao
último ano. A falta de policiamento e problemas na iluminação pública são
fatores importantes para a frequência com que esses crimes ocorrem, e ambos são
bem presentes no bairro e arredores.
Outro
tipo de assalto que tem se tornado mais comum são os assaltos a ônibus. De
janeiro para dezembro, segundo moradores, já teriam ocorrido mais de cinco
assaltos do tipo. Geralmente em grupos de três, os bandidos armados agem
rapidamente, roubando o dinheiro das passagens, e saltam perto de vielas mal
iluminadas, para dificultar perseguições. Os alvos principais seriam ônibus com
lotação menor, o que facilitaria a ação dos bandidos.
Sobre
isso, uma das moradoras até brinca: “só não tem mais assaltos mesmo por que há
poucos ônibus pra muita gente, então eles (os ônibus) estão quase sempre
lotados”. A brincadeira revela outro problema também presente: transporte
público precário de má qualidade. Após o assalto já mencionado, uma das vítimas
comentou: “talvez se houvessem mais ônibus, a gente não ficaria mais de meia
hora aqui esperando.” Além disso, a presença de ônibus sem câmeras instaladas
facilita a impunidade já tão presente.
Abandono
A
falta de sérias políticas públicas para o combate à violência é o fator
fundamental para o aumento desse tipo de crime. Há falta de policiamento até
mesmo em rodovias maiores como a Rodovia Mário Covas, onde assaltos há noite
também estão se tornando mais comuns. Além disso, os postes de iluminação
pública que muitas vezes são danificados pelos próprios bandidos também demoram
a receber assistência de técnicos contratados da prefeitura.
Um
dos postes, localizado próximo à passagem Bom Jesus, está sem funcionamento há
mais de seis meses. Segundo um dos moradores, o estudante Alexandre Vaz,
próximo ao local é fácil encontrar, tarde da noite, jovens usando drogas. “Eles
ficam por aí usando drogas e se viciam fácil, então eles roubam pra conseguir
dinheiro rápido pra usar de novo”.
Expansão da violência
E
esses bandidos não agem apenas no Bairro do Uma, mas também em seus arredores
como a Rodovia Mário Covas, como já foi citado anteriormente. À noite, embora a
rodovia tenha um tráfego considerável de carros e caminhões, a quantidade de
pedestres é pequena, facilitando o trabalho dos meliantes que assaltam uns e
outros transeuntes. A segurança é garantida para quem mora em condomínios e
possuem carros para sair ou chegar em casa. Mas para os moradores das precárias
passagens, isso é uma dificuldade.
Com
menos movimentação noturna nas pequenas ruas, os moradores das passagens também
enfrentam problemas semelhantes com bandidos. Muitas vezes, é preciso andar
vários quarteirões das paradas de ônibus até as casa, tendo que andar às
pressas por uma rodovia deserta. É nesse momento que a maioria dos assaltos
acontece. “A gente preocupada com a segurança dos nosso filhos, pois muitas
vezes eles tem que voltar tarde da Universidade”, diz Márcia Cristina, Moradora
da passagem Cosme e Damião.
Problemas
semelhantes também podem ser encontrados em vários outros bairros na cidade, e
a solução para esses problemas parece distante, uma vez que a prefeitura e o
governo são pouco presentes em bairros humildes como o Uma. Mas as soluções
devem sempre ser cobradas. “Os políticos não olham pra cá, mas as pessoas votam
mesmo assim, né? Isso não pode continuar assim” reclama Maria do Rosário.
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