sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cimento não é apenas cimento


                                                                                    Por Mariana Castro e Natália Costa

Em 1981 foi inaugurado em Brasília um monumento em homenagem ao ex-presidente Juscelino Kubitschek. A obra carregava em sua composição algo tão irreverente quanto sua forma, o cimento branco. Exatos 20 anos depois dessa inauguração, o cimento branco ainda é pouco conhecido do mercado brasileiro. Porém, na Universidade Federal do Pará, um grupo de pesquisa formado por estudantes de Engenharia Civil trabalha para provar que esse produto é uma alternativa viável e lucrativa.
           O cimento branco diferencia-se não só pela sua coloração, mas também por sua composição. A ausência de óxido de ferro, um dos fatores essenciais para sua cor, possibilita facilidade no processo de pigmentação. Devido ao seu maior valor estético, a procura por este material tem aumentado. O uso deste cimento pode descartar processos como a aplicação de massa corrida, massa fina e até mesmo pintura, levando a certa economia, ainda que seja mais caro que o cimento comum.
           O aluno do 6º semestre de Engenharia Civil, João Felipe Melo, explica que o cimento branco é menos denso que o comum e também menos poroso, o que o torna mais impermeável. Reage mais rápido, ou seja, adquire resistência, porém demora mais para ganhar rigidez. Existe, contudo, uma maior possibilidade de desenvolver fissuras, sendo mais utilizado para peças delgadas.
Peças utilizadas no Ensaio de Compressão Axial

           No laboratório da FEC, os integrantes da pesquisa realizam ensaios mecânicos em peças de concreto feito com cimento branco. Esses ensaios, chamados de ensaios mecânicos de compressão axial e diametral, além de elasticidade, dentre outros, são testes envolvendo a aplicação de forças de compressão e tensão, alem de análise da facilidade da peça para se deformar, onde se confere a resistência do material.
           O grupo de pesquisa conta com quatro alunos e com a Professora Orientadora Isaura Paes. O projeto foi idealizado para o mestrado da Faculdade de Engenharia Civil, mas acabou por ser adotado como pesquisa dos alunos de graduação do curso. De suas especificações ainda pretende-se originar cinco artigos.  O grupo busca desvendar e encontrar aplicações definidas para o cimento branco, preenchendo uma lacuna nas pesquisas nacionais sobre o assunto.
           João Felipe destaca ainda que “tudo depende da finalidade”. Ao contrário do que a maioria pensa, cimento não é apenas cimento, existem diversos tipos com diferentes especialidades. Pesquisas como essa abrem oportunidades de desenvolver a qualidade da construção civil, além de trazer variedade de produtos para o consumidor. É tão difícil encontrar pesquisas sobre o cimento branco que nem no Wikipédia tem.


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