sexta-feira, 15 de abril de 2011

Tecnologia e comunicação são tema da 3ª Muvuquinha


Cerca de 120 pessoas estavam presentes no Auditório do IESAM. Evento faz parte da Semana de Comunicação da UFPA.
 Gustavo Ferreira

Com o tema “Comunicação tecnológica e midiatizada. Até que ponto?”, foi realizada nesta quinta (14) a 3ª edição da Muvuquinha, realizada no Auditório do Instituto de Ensino Superior da Amazônia (IESAM). O evento faz parte dos preparativos para a Semana de Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), a Muvuca na Cumbuca. Na platéia, um número estimado em 120 pessoas, entre alunos e professores, acompanharam e participaram do encontro, onde foi discutidas a comunicação contemporânea, e as tecnologias tangentes a este processo.

O debate foi mediado por Lara Lages, jornalista, formada pela UFPA, e contou com a presença da Prof. Rosaly Brito, da UFPA, Prof. Daniel Leão, do IESAM, Thalmus Gama e Jair Machado, ambos também do IESAM.

Comunicação além da tecnologia?

Esta foi a provocação que abriu a palestra, e diz respeito ao espaço que as tecnologias midiáticas estão ganhando, ao passo que a tradicional comunicação possa estar entrando em crise. Sobre isso, Rosaly Brito afirma existir uma separação entre o ato de se comunicar da necessidade da presença, inclusive citando a história da própria imprensa brasileira, já que o primeiro jornal impresso do país (Correio Braziliense, de 1808), inicialmente era produzido na Inglaterra. Quanto à comunicação ir além da tecnologia,Rosaly diz que “no mundo do século 21, a comunicação vai passar muito pela técnica, como acontece há algum tempo”.

“A roupa que nós vestimos também diz o que queremos falar”, diz Thalmus Gama, que também afirma que a técnica é a extensão de uma comunicação entre pessoas. O que deixa de ser benéfico, quando essas ferramentas tecnológicas deixam de ser extensões e ganham identidades próprias, ocupando o lugar das interações, segundo Jair Machado.

Profª Rosaly Brito (UFPA), falando sobre comunicação e tecnologia na 3ª Muvuquinha, no Auditório do IESAM (Foto: Reprodução/Muvuquinha)


Tecnologias multimídia

Para Thalmus, os meios de comunicação envolvendo várias mídias simultâneas abre a oportunidade tecnológica de “interação” entre pessoas, mesmo sendo digital. E quem determina os limites para essa evolução somos nós, enquanto criadores e usuários. “O horizonte tecnológico depende do caráter inventivo do homem”, diz o prof. Daniel Leão.

“O homem é um ser de linguagem, simbólico por natureza”, afirma a profª. Rosaly, reforçando ainda a idéia que o homem cria as máquinas com a finalidade de melhorar a sua qualidade de vida.


Os perigos 

A professora ainda atenta para o fato de que a sociedade parece estar entregue, inerte, ao domínio das novas tecnologias, pela sua velocidade de expansão e pela quantidade avassaladora. “É como se nós fôssemos levados por uma torrente inexorável, sem poder sair”, completa.

Esta situação estaria levando-nos a um estado em que não nos preocupamos com o que Rosaly chama de “gratuidade”, o “estar consigo mesmo”, já que há uma necessidade inerente de muitas pessoas estarem conectadas a alguma mídia comunicativa. Outro perigo citado pela professora faz referência à não-neutralidade das tecnologias. Segundo ela, as tecnologias podem ser usadas para o bem e para o mal. “Que tipo de sociedade estamos forjando com essa era digital?”, indaga Rosaly.

Coexistência de mídias

 Ao ser perguntado por quê, com tantas opções de informação e entretenimento na internet, as pessoas ainda continuam comprando jornais impressos, Jair Machado salientou que as mídias são complementares entre si, e culturalmente, as mais tradicionais, com o jornal, continuam existindo. Segundo Jair, a tecnologia serve como um meio de facilitar a comunicação, e não para substituir outra mídia mais antiga.

Passividade e patologia

Daniel Leão é taxativo ao dizer que “não existe passividade nas relações comunicacionais”, e que todos os meios de comunicação agem de acordo com intenções pré-determinadas. Por isso, todos, principalmente os jovens, devem ter responsabilidade sobre aquilo que publicam nos diversos sites de relacionamentos e redes sociais, o que hoje em dia é bastante comum.

O professor também afirma que esse excesso de usufruto de meios tecnológicos é responsável pelo desenvolvimento de doenças, não apenas sociais, como o afastamento e a impessoalidade, mas patologias realmente físicas, como a Lesão por Esforço Repetitivo (L.E.R.) e a “notebooktite”.

A comunicação no trabalho e o controle das corporações

Grandes empresas tem aderido ao modelo multimidiático do mundo, pois há uma necessidade de estar “incluído” neste meio, o que acontece com freqüência nos últimos anos, segundo Jair Machado. Para ele, o boca-a-boca, famoso método de divulgação de um produto ou serviço, invadiu e se intensificou na internet, e que isto traz vantagens financeiras ao empresário, que economiza com campanhas publicitárias. Jair diz que “as empresas que não estiverem incluídas neste meio estão fadadas ao fracasso”.

Na opinião de Rosaly, o uso das redes sociais, por parte de funcionários de grandes empresas, é nocivo tanto para os empregados, quanto à própria empresa, e que essa exposição excessiva traz graves conseqüências. “É assustador o nível de controle que as corporações têm sobre nós”, afirma. Jair Machado diz que “cabe a nós o quanto e como mostramos quem nós somos”.

Com relação ao cyberbulling, prática cada vez mais freqüente no mundo, Daniel Leão acha que é apenas um reflexo das mazelas sociais, tais como os preconceitos, que acontecem fora do meio virtual, e naturalmente são transpassadas para a internet.


Serviço
A próxima edição da Muvuquinha será realizada na Estácio FAP, na Av. Municipalidade, 839, às 19 horas, com o tema “Conteúdo.com. De quem é o domínio?”. A Muvuca na Cumbuca acontecerá entre 11 e 14 de maio, na UFPA, no campus do Guamá. Mais informações no site HTTP://muvuca.ufpa.br .

Nenhum comentário:

Postar um comentário